quarta-feira, 18 de maio de 2011

A decisão de não ter filhos

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Por motivos que vão do crescimento profissional à total dedicação ao casal, cresce o número de pessoas que escolhem viver apenas a dois

O número de casais sem filhos vem aumentado consideravelmente em muitos países. E, em grande parte dos casos, essa decisão não está relacionada ao fato de não haver afinidade com crianças. Sendo assim, como explicar o aumento da quantidade de pessoas que, espontaneamente, decidem pular essa etapa da vida?
A psicanalista Luci Mansur, autora do livro Sem filhos: a mulher singular no plural, afirma que a queda de nascimentos está relacionada ao ingresso da mulher no mercado de trabalho. “A decisão de não ter filhos é legítima e deve ser tão respeitada quanto a decisão de ter muitos filhos. Hoje, as pessoas têm essa mania de achar que existe uma quantidade ideal de filhos que todos os casais devem seguir. Pensar que ter filhos é o caminho natural da vida de qualquer pessoa é fruto de uma mentalidade atrasada, segundo a qual a maternidade faz parte da evolução da mulher e a torna completa”, explica a psicanalista.
De acordo com a especialista, são muitos os motivos que levam os casais a deixarem a procriação de lado. “O desejo de se dedicar mais ao casal, os questionamentos sobre a capacidade de assumir e criar uma criança, a preferência por menos preocupações financeiras e inquietações em relação à superpopulação e ao futuro do planeta são algumas das razões que afastam os casais de ter filhos”, explica.
Heloísa de Paula, coordenadora de mídias sociais, e Elisandro de Espíndola, programador, ambos de 34 anos, fazem parte do crescente grupo de pessoas que não se interessam pela maternidade/paternidade o suficiente para assumir o compromisso de ter filhos. “Eu acho que não temos estabilidade financeira. Instinto pode ser uma questão de hormônios, mas nem todo mundo tem, e talvez não seja para ter mesmo. No entanto, o que pesa mesmo é o fato de que nossa vida está boa assim. E ter filhos nunca foi um grande sonho para nenhum de nós dois”, conta a coordenadora.
Isso não significa, porém, que o casal não se interesse por crianças. “Queremos, sim, ser mais próximos das crianças dos amigos e curtir a vida de tios. Algumas das mulheres mais bacanas que eu conheci na minha infância e adolescência não tinham filhos”, observa.
Tanta clareza de opinião não impede que as cobranças por netos e sobrinhos se façam presentes. “Em geral, quem mais cobra é quem menos estaria envolvido com a criação dos filhos, ou seja, a liberdade de dar opinião é inversamente proporcional à futura responsabilidade do emissor do palpite. Nós não achamos obrigatório ter filhos, mas, sim, que é uma escolha”, diz Heloísa.

A realidade em números

Segundo levantamento do IBGE, em 2009, 17,1% dos lares brasileiros eram formados por casais sem filhos. Em 2004, esse número representava 14,6%, e cinco anos antes, apenas 13,3%. Para se ter uma ideia mais precisa da dimensão dessa tendência, houve um aumento de 50% entre 1996 e 2008. A constatação do instituto de pesquisa é de que o Brasil segue a tendência demográfica dos países desenvolvidos, em que as crianças se tornaram minoria na sociedade.
No entanto, as consequências sociais dessa decisão existem e têm um grande peso: um país com muitos idosos vivendo cada vez mais − nos últimos dez anos, o número de idosos cresceu três vezes mais que a população brasileira como um todo − e poucos jovens terá sérios problemas econômicos e de mão-de-obra. De outro ponto de vista, menos pessoas resultam em um impacto ambiental menor.
Seja qual for a escolha do casal, o importante é que ela seja tomada em conjunto, avaliando os impactos em sua vida e, sobretudo, na vida da criança. Afinal, os adultos têm o direito de escolha, enquanto os pequenos serão conduzidos pelos desejos, vontades e condições de seus pais. Uma grande decisão, sem dúvida.
 

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